sexta-feira, 18 de março de 2011

Bord Game - Battlestar Galactica

Hoje nosso amigo e colaborador Ismael Kenig, traz pra vocês uma explanãção e análise do ótimo bordgame Battlestar Galactica.
_______________________________________________________________________



“Os Cylons foram criados pelo homem. Eles se rebelaram. Eles evoluíram. Eles aparentam e se sentem humanos. Alguns são programados para acreditar que são humanos. Existem muitas cópias. E eles têm um plano.”

(Prólogo de abertura - 1ª Temporada)

Battlestar Galactica – The Board Game é um jogo de tabuleiro baseado na série televisiva que reimaginou o universo de Battlestar Galactica e é produzido pela Fantasy Flight Games, empresa conhecida pelo qualidade e dedicação a seus jogos. Digo universo reimaginado devido ao fato da série de 2004 ter se inspirado em outra que foi ao ar no período de 1978-1979.

Frakkin toaster!

Ok. Situados a respeito da franquia, agora posso situá-los a respeito do cenário do qual se trata o jogo. Neste cenário os humanos vivem nas chamadas doze colônias, em algum ponto do universo. O avanço tecnológico permitiu a criação dos cylons, espécie de robôs utilizados para tornar a vida nas doze colônias mais fácil. Mas o dia do juízo chegou e os cylons revoltaram-se contra seus criadores. Ouve uma guerra, ouve uma trégua e os cylons sumiram para outro local da galáxia.

Durante o período de trégua havia um acordo para que cada raça (humanos e cylons) enviasse um embaixador com a finalidade de manter relações diplomáticas. Em 40 anos os humanos sempre enviaram um embaixador, os cylons nunca. Passado este tempo os cylons voltaram, mas dessa vez dizimando a humanidade por meio de bombardeios atômicos às doze colônias. A nave de batalha Galactica (Battlestar Galactica, sacou? sacou? ^_^), que seria aposentada naquele dia, foi uma das poucas (e a única militar àquela altura) a não ser desativada remotamente pela nova e mais avançada tecnologia cylon. Então os sobreviventes, várias naves civis e uma única nave militar – esta protegendo as anteriores – saem pelo universo em busca de outro planeta para habitarem ao notarem não restar outra alternativa. Este planeta que aparece nas lendas desta civilização, era conhecido como Terra.


Obviamente não é tão simples assim. Os cylons temem o retorno dos humanos em busca de vingança, então os perseguem pelo espaço, incansavelmente, a fim de destruir o último homem que restar. Enquanto isso os humanos vão dando “saltos” (equivalente a criar um atalho e viajar em velocidade superior à da luz) pelo hiperespaço atrás de recursos, contornando crises (motins, revoltas, falta de suprimentos etc), combatendo e fugindo dos cylons. Para piorar, a evolução dos cylons não é apenas belicosa. Agora existem modelos que são idênticos a seres humanos, até mesmo organicamente, tornando uma tarefa hercúlea descobrir quem são cylons infiltrados. Se já não era ruim o suficiente, ainda existem cylons entre a humanidade que não sabem que são cylons, estão com a programação adormecida, programação esta geralmente ativada no momento mais inoportuno. E se você achava que era tudo, não é só isso (Polishop feelings), os cylons, quando mortos, tem sua consciência transferida (upload/download) para outro corpo que está armazenado na Nave de Ressurreição, fazendo-os virtualmente imortais.

Explicado o cenário, vamos ao que interessa. No Battlestar Galactica Board Game, um jogo semicooperativo para 3-6 jogadores, você está a bordo da Galactica, dando saltos no hiperespaço e enfrentando ou fugindo dos cylons enquanto tenta impedir o esgotamento dos recursos. Cada jogador escolhe um personagem do seriado, com habilidades e defeitos únicos. Também é determinado o posto de Almirante (jogador que possui controle sobre as armas nucleares e o destino após um salto) e o de Presidente (possui outras cartas ao alcance).

Antes do início do jogo entrega-se uma carta de “lealdade” a cada jogador indicando a filiação, humano ou cylon, que é mantida em segredo. Em cada turno você tem direito a se movimentar para qualquer local da Galactica ou da nave presidencial Colonial One, e a realizar uma ação. Na maior parte das vezes a ação consiste em ativar o local no qual se encontra (armas da Galactica, movimentar naves civis, lançar vipers para atacar os raiders cylon etc), ou utilizar uma carta de perícia (skill card) que está na sua mão. Após realizada a ação, retira-se uma carta de crise (todo turno há uma crise, pense). Para resolvê-la, pode surgir um problema a ser vencido coletivamente. Nesta hipótese os jogadores colocam cartas de perícia fechadas em uma espécie de votação. A carta crise estabelece quais cartas de perícia contam positivamente (de um total de 5 cores) e no topo destas há um número indicativo da força da carta. Atingido o número alvo com as cores indicadas pela carta de crise, os humanos passam. Lembram-se dos cylons infiltrados? Pois é! Neste momento eles podem colocar outras cartas que contam negativamente para a contagem total. Também são colocadas duas cartas do chamado Deck do Destino, para adicionar um fator aleatório e proteger os cylons infiltrados, de certo modo (também são cartas fechadas). Na grande maioria das vezes passar no teste significa apenas que não haverá consequência negativa, enquanto uma falha geralmente drena algum tipo de recurso. A saber: Moral, Alimento, Combustível e População. Se qualquer um destes chegar a 0 os humanos perdem. A crise também pode tratar-se de uma escolha a ser feita pelo presidente, almirante ou atual jogador.

O objetivo para os humanos é atingir a distância de 8 ou mais com os saltos e então darem um último salto para vencerem o jogo. Detalhe que só é possível avançar quando das cartas de crise. Os cylons vencem se algum recurso chegar a zero, destruírem a Galactica ou conseguirem invadi-la e avançarem o suficiente com seus centuriões a fim de descomprimir o ar e matar todos a bordo. Se conseguirem vencer por meio da terceira maneira, os centuriões utilizam as próprias armas da Galactica e destroem a frota civil. The end para a raça humana.

Mas o jogo não é tão simples, com papéis predefinidos ou plenamente formados ao início da partida – humanos VS. Cylons –. Quando os humanos chegam a no mínimo à distância 4 com os saltos, todos os jogadores retiram nova carta de lealdade. Então é possível que algum jogador que tenha iniciado a partida como humano descubra agora que é um cylon. Isso gera nova complexidade porque dificilmente se sabe de antemão em quem confiar 100%. E como jogar perfeitamente pelos humanos se você poderá ser um cylon a qualquer momento?
Gaius Baltar arruinou o futuro de
toda a humanidade por conta do desejo
carnal por uma frakkin cylon.
Tudo bem, Baltar. Você está perdoado.
Ninguém faria diferente.

Quando um cylon se revela, supondo que este não esteja na prisão (brig), ele gera algum tipo de dano. Pode reduzir a moral, executar-se como homem-bomba, mandar alguém para enfermaria (sickbay) ou para a prisão. No ato de se revelar ele é considerado executado e se move para outro local do tabuleiro, os locais cylons. Agora este(s) jogador(es) tem como opção ativar as naves cylons, danificar a Galactica ou utilizar crises, incluindo a chamada super crise que é similar a uma crise normal, mas com efeitos mais devastadores e mais difícil de contornar. Também continuam podendo participar e atrapalhar as votações de crise, mas agora com apenas uma carta.

O jogo, no geral, é bastante difícil para os humanos. Raramente estes vencem o jogo com folga. Geralmente é com recursos no limite e por meio de táticas perfeitamente aplicadas em conjunto e no momento certo, além de um pouco de sorte. Apesar da estrutura do jogo ser conformada de modo que sempre haja mais humanos que cylons, em partidas de 4 ou 6 jogadores há ainda a figura do simpatizante (sympathizer). Este jogador é um humano ou cylon que deseja se alinhar com o outro time. Então em uma partida de 4 jogadores há um cylon e um simpatizante e em uma partida de 6 jogadores há 2 cylons e um simpatizante. A diferença do simpatizante é que a lealdade dele não está plenamente determinada até a sleeper agent phase (quando se retira novamente cartas de lealdade na distância 4). Nesta fase a carta de simpatizante é distribuída e, se os humanos estiverem se saindo bem e todos os recursos estiverem no azul, ele se juntará ao time dos cylons. Se os humanos estiverem com algum recurso no vermelho, então irá se juntar ao time dos humanos. Veja que o jogo gera um novo balanço no meio da partida para sempre manter as coisas desafiadoras.

Conclusão: Battlestar Galactica Board Game é um dos melhores jogos existentes do gênero. O primor com o qual foi elaborado torna a sensação para os apreciadores da série bastante intensa, você realmente sente como se fosse um dos personagens do seriado. A paranoia gerada pelos cylons infiltrados gera uma das dinâmicas mais interessantes que já presenciei em um jogo, criando n possibilidades táticas. Em uma partida que joguei, um jogador cylon infiltrado conseguiu gerar desconfiança sobre outro jogador humano e o mandou à prisão (por meio de uma votação). Então, no turno seguinte, ele ganhou a possibilidade de agir novamente, foi quando optou por revelar-se e mandou mais outro jogador à prisão. A esta altura (4 jogadores no total) eram 2 humanos presos, um cylon e apenas um humano podendo agir livremente. Nesta oportunidade o jogador cylon revelou-se apavorando geral, tornando mais difícil e mais saborosa a vitória quando os humanos conseguiram dar o número de saltos requeridos e vencerem o jogo.

De um modo geral o jogo inteiro é um cenário bastante desesperador para os jogadores humanos, mas na prática o torna mais emocionante também. É muito legal ver a vibração a cada jogada bem feita, a cada sobrevivência, a cada crise contornada, a cada último recurso agarrado com os dentes. O lado cooperativo é bastante forte e indispensável para o triunfo. O único contra do jogo, que não é um defeito em si, é o fato da necessidade de uso extenso de textos em língua estrangeira, o que o torna pouco acessível para quem não for familiarizado. No mais, o jogo também é apreciado por não conhecedores do seriado. O que vejo é que muitas destas pessoas, após jogarem, acabam se interessando em assistir a série televisiva.

Battlestar Galactica – The Board Game ainda possui outras duas expansões que serão abordadas em textos futuros.

Obrigado a quem leu e até a próxima! =)

Ismael Kenig

10 comentários:

  1. acaba de chegar minha expansão Exodus, que coloca mais opções no jogo, precisamos jogar!

    ResponderExcluir
  2. Eu gostei muito desse jogo (joguei no evento passado e no meio do caminho me tornei Cylon hehehe).
    Deu vontade de assistir o seriado =P

    ResponderExcluir
  3. Colocamos as descrições traduzidas das cartas e fichas de persobagem no site da ilha do tabuleiro. Estou traduzindo da Pegasus expansion e assim que chegar a minha exodus junto tudo e coloca lá tb. No site Dream with my boardgame tem um resumão das regras bem legal.

    ResponderExcluir
  4. Opa, se tiver gente pra jogar eu tambem to dentro em!!!! \o

    Valeu Ismael!! O post ficou fera!!!

    ResponderExcluir
  5. Sou fã de battlestar galactica desde os anos 70 quando assisti aos episósódios num cinema do conjunto nacional. Tive a oportunidade de jogar apenas uma vez com a expansão da battlestar pégasus, e achei o jogo excelente, gostaria muito de jogar uma outra vez.

    ResponderExcluir
  6. Pode ser tarde mas aí vai: quem estiver interessado em conhecer ou jogar, estou disposto a juntar um pessoal para o Battlestar Galactica. Tenho o módulo básico e as duas expansões (pegasus + exodus). Não precisa conhecer o jogo. Só entrar em contato ismaelstj @# gmail com

    ResponderExcluir
  7. Sei que é um pouquinho tarde, conheci a série faz pouco tempo, mas vou comprar o jogo.

    ResponderExcluir