quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ambientação: Janary Damacena

É pessoal, lá se vão treze anos que o RPG entrou na minha vida. Lembro bem quando entrei em uma extinta livraria aqui de Brasília e me deparei com um livro da então recém lançada coleção Aventuras Fantásticas. Nunca mais deixaria esse hobbie de lado. Pelo contrário, cada vez mais, comecei a ler sobre e, por assim dizer, me especializar nas técnicas de narração e interpretação de personagens. Acredito que independente do sistema de jogo ou aventura que seja jogada, sempre há espaço para uma representação de papéis. E o que é o RPG senão um Jogo de Interpretação de Personagens? Eu tinha inclusive um amigo que defendia a ideia de que no Brasil, o RPG deveria se chamar JIP... Mas lembranças à parte, essa introdução era mesmo para apresentar todos vocês, leitores do Vórtex RPG, à minha coluna mensal. Resumindo, vou tentar, humildemente, passar todo conhecimento que obtive nesses anos, para ajudar mestres e jogadores a desfrutar de ambientações mais ricas e, acima de tudo, sobre a arte de interpretar estereótipos e estar sempre preparado para o improviso imediato! Como na primeira postagem não posso despejar conteúdo direto em cima de vocês, resolvi fazer algo mais light!

Quantas vezes você se perguntou por que seu mestre faz a voz do taberneiro, exatamente igual ao da donzela em perigo? Isso pode soar estranho, mas pense bem: será que todos os personagens do mestre precisam realmente falar da mesma forma, como se apenas mudassem de nome? Sei que é difícil criar entonações diferentes para cada personagem (principalmente para os homens entre os 14 e 17 anos que estão mudando de voz). Mas não seria mais legal, se algumas vezes a voz pudesse ser um pouco diferente para marcar mais a aventura, ou para deixar os jogadores mais à vontade quanto à interpretação de seus próprios personagens? Já participei de algumas mesas em que o mestre ficava literalmente narrando uma aventura, sem dar o mínimo de vida ao jogo, o que limitava os jogadores a dizer o que fariam. Mesmo uma pessoa que tivesse vontade de interpretar mais seu personagem, ele ficaria intimidado a fazer, pois nem o mestre fazia.

Quando jogadores se encontram em uma mesa, onde o mestre muda vozes de personagens, faz trejeitos diferentes para cada NPC ou mesmo representa mais a própria aventura, tudo muda. O clima do jogo fica diferente, é mais fácil todos imaginarem as cenas descritas, dá mais segurança para todos na mesa brincarem de representar seus papéis, que podem não ter nada haver com sua personalidade real. E isso é o RPG, usar a criatividade e a capacidade de “fingir” ser outra pessoa para se divertir durante algumas horas em um mundo inventado por vocês!

Mas não é qualquer pessoa que consegue começar a interpretar de um dia para o outro. Às vezes são necessários alguns ajustes, um pouco de ajuda. Nada que seja muito complicado, principalmente nos dias de hoje, com internet, livros a preços módicos e milhões de filmes lançados por mês. A melhor dica que posso dar é: leia muito, pois o improviso – essencial para o RPG - só é adquirido após ter conhecimento. Seja sobre o mundo de jogo, ou mesmo sobre alguma coisa que um jogador quer fazer. Imagine que durante uma partida na 1ª Guerra Mundial, o jogador diz que vai usar um colete à prova de balas. Se o mestre não tem idéia de quando surgiu essa proteção, vai deixar, mas o colete surgiu décadas mais tarde, na 2ª Guerra. É um exemplo simples, mas mostra a importância da leitura de jornais, livros, de ver bons filmes (claro, com bons atores, para ver como eles atuam) e ir ao teatro.

Para finalizar a coluna de janeiro, vou deixar algumas sugestões para vocês queridos leitores. Propositalmente não citarei nada com ligação direta ao RPG.


Livros:

O apanhador no Campo de Centeio – J. D. Salinger

A idade da Razão – Jean-Paul Sartre

Um estudo em Vermelho – Sir Arthur Conan Doyle

Volta ao mundo em 80 dias – Júlio Verne

A Tumba e outras histórias – H.P. Lovecraft


Filmes:

Um ato de coragem – 2002

Quase famosos – 2000

O Show de Truman – 1998

Eu sou a lenda – 2007

Psicose - 1960

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