One Shoot - Como mestrar em aventos

One shot – ou como mestrar em eventos!

Por Janary Damacena

Estamos às vésperas de mais um encontro do RPG Itinerante, aqui em Brasília, e uma das coisas que mais me chamam atenção em todos os eventos que já participei em nossa cidade é a dificuldade de certos mestres em conduzir uma aventura rápida ou mesmo facilitar regras de jogos desconhecidos para atrair mais adeptos. Pois bem, o que me proponho neste artigo especial para o Vórtex, não é ser um guia de referência como as antigas Dicas de Mestre da falecida Dragão Brasil (aliás, tenho um outro artigo para ser publicado justamente sobre nossa extinta DB). Mas compartilhar com narradores experientes e iniciantes, algumas dicas que podem ser muito úteis em eventos ou simplesmente em tardes tediosas.

Primeiro é preciso conhecer o significado de One-Shot, que nada mais é do que as aventuras de uma única tarde, aventuras que são rápidas e, tem começo e fim em uma única sessão de jogo que dura entre três e seis horas. Bem, resumidamente o conceito é esse. Agora, vamos trabalhar em cima disso para animar os eventos!

Sempre que jogadores comparecem em encontros do RPG, eles normalmente estão interessados em se divertir no máximo de mesas que puderem, e isso quer dizer que não vão ficar tão animados para passar um dia inteiro jogando a mesma aventura, enquanto existem sistemas interessantes e desconhecidos a serem explorados logo ali do lado! Por isso é importante que mestres sejam conscientes quando forem criar suas aventuras para estes eventos. Pense que para uma aventura ser simples e divertida é preciso que o narrador visualize o básico da história e deixe o resto por conta dos jogadores, lembrando que você não vai estar com seu grupo, então não tem como prever certas ações.

É interessante sempre pensar em como começa a aventura, ou seja, um motivo para juntar personagens diferentes em prol de uma missão (ou o que seja). Mas é fundamental não detalhar tanto essa história, pois senão você vai acabar surpreendido pelo tempo, quando ainda estiver na metade da aventura e já terem se passado mais de quatro horas de jogo, e pode não dar tempo de terminar.

Outra dica legal é sempre ter personagens prontos para evitar passar horas explicando regras para os jogadores montarem suas fichas. Seja simples, prepare uma quantidade razoável de personagens e à medida que jogadores forem surgindo, passe para que eles escolham. Isso agiliza e MUITO durante eventos, principalmente se o sistema for desconhecido pela maioria ou mesmo conhecido, mas demorado (como as fichas de D&D). Então não crie um dossiê sobre a vida de cada personagem, mas faça o mínimo para que o jogador possa se afeiçoar por um deles. Sobretudo, faça personagens legais, com o carinho de mestre!

Isso me fez lembrar que é muito legal conhecer novos cenários e sistemas, mas que quanto mais desconhecido um jogo, mais complicado será para explicar exatamente as regras e a temática. Por tanto seja direto e explique o que os jogadores realmente precisam saber. É crucial também, simplificar as regras do jogo. Não adianta passar uma hora descrevendo um mundo inteiro, se os personagens vão jogar apenas dentro de um castelo. Também não é legal assustar novatos com regras complexas e exageradas, se a ideia é angariar novos adeptos. Essa é a melhor forma de se divertir e deixar todos contentes. Além disso, é a melhor forma de "treinar" sua interpretação e principalmente o improviso entre mestre e jogadores, mesmo que nunca tenham se visto e nem voltem a se encontrar. Acredito que isso soma muito à experiência de jogo de qualquer fã do RPG.

Lembrem-se que as ideias mais simples, podem ser as mais legais de se jogar, pois quanto mais cheio de detalhes mais tempo se toma, o que não é o caso das one shot's. Pense em filmes que não tiveram continuação e mesmo assim foram bons, ou livros. Pode ainda ser um elemento inexplorado de algum seriado ou de outra aventura de seu grupo de jogo. Não existem limites para o RPG!

Janary Damacena